E mais uma vez sentimento.
Estou me
sentindo insuportavelmente idiota por mais uma vez querer falar de sentimento.
Logo eu que sempre abominei tal postura. Entretanto, eles estão cada vez mais
latentes em mim. Tenho um misto de raiva, inconformismo, impotência, por ter
sido deixada. O verdadeiro “terror de ser deixada” musicado por Maria Rita em “Não
Vale a Pena”. Não queria que assim fosse,- claro-, ninguém quer ser “passado
pra frente”. Isso ainda não foi digerido pelo meu orgulho, o que me faz muito
mal. Já que sou extremamente orgulhosa e vingativa. Toda minha complacência, minhas
atitudes boas, meu olhar sincero e calmo, desaparecerem no meu orgulho cego.
É um nó na
garganta, uma ansiedade, uma vontade colossal de fazer algo, de aliviar essa condição.
De olhar, falar, sentir, provocar... Meu extinto pede essa atitude, mas me
controlo, me policio, coloco limites. Mas, por dentro, o sangue ferve. Por fora uma serenidade indiscutível, mas por
dentro, ah por dentro sou um vulcão prestes a explodir e destruir. Controle, respire, controle, engula, pense,
respire, acalmasse e assim vai. Até que, a primeira oportunidade surja. O
problema é: cadê essa oportunidade? Estou esperando desesperadamente, mas algo
me diz que não acontecerá. Infelizmente sinto que não acontecerá. Isso me
preocupa, porque sei que levarei isso engasgado por muito tempo.
E pior é que
não gosto de ser assim, me sinto podre. É horrível sentir prazer em dizer “Bem-
Feito”. Mas, é assim. Oras, é assim! Não estou aqui dizendo que torço pra que
as pessoas sofram, mas pra algumas e certas situações digo mesmo, e pior, sinto
prazer. Não faço mal a ninguém, procuro não julgar, não comentar as atitudes
alheias, mas não invada meu espaço e me faça mal. Não desperte sentimentos que
tento disfarçar, não seja ingênuo a ponto de achar que sou boazinha pra todo o
sempre, pois não sou! Aquele sorriso
constante é verdadeiro assim como meu olhar de ódio e desprezo. E nessa arte,
sou mestra. Na arte do desapego, já estou fazendo meu doutorado.
Prefiro o
nada ao só isso. Prefiro não comer a pegar só um pedaço. Prefiro não saber a
ter que esperar o próximo capítulo. Prefiro morrer cedo vivendo tudo a morrer
tarde vivendo aos poucos. Prefiro fazer tudo a ter que fazer coisas pausadas.
Prefiro a pressão à calmaria. Não sou ponderada. Não sou controlada,
organizada, sou a bagunça, o caos. E não vou mudar. Não trabalho aos poucos. Ou
faço muita coisa ao mesmo tempo, ou não faço nada.
Engana-se
quem acha que sou tranquila e extremamente de boa. Não sou! É que não me
importo com coisas irrelevantes. Não entro em discussões idiotas, não perco
tempo explicando sobre meus pontos de vista com quem eu sei que não tem
argumentação, não falo de novela, não sei sobre cores de esmalte e muito menos
quero que me expliquem. Sou a melhor pessoa pra segredos, pois esqueço. Não
fico remoendo e instigando as pessoas, por mim tanto faz. Prezo com toda minha
vitalidade a boa convivência, a lei da boa vizinhança, o bem estar no ambiente.
Sei que essas atitudes passam a ideia de uma menina calma, tranquila, que não
se envolve em brigas, que não tem inimigos. Fato! Mas não. Perdoar é difícil,
não corro atrás e pior se me envolver em uma briga, irei até o final.
Ressentimento se transforma facilmente em repúdio. E eu vou fazer o que!?
Apenas controlo, e controlo muito. Vou ao extremo para o tal vulcão não entrar
em atividade. Entretanto o sangue ferve!
Por fora uma
serenidade indiscutível, mas por dentro, ah por dentro o sangue ferve!