Lutamos tanto
para que o pudor que envolve o sexo deixasse de existir, e ao que parece
conseguimos. Mas o que sinto é que essa ofensa, essa vergonha, esse pudor
apenas foi transferido. Hoje falamos e ouvimos abertamente sobre sexo, sobre
vontade, sobre descompromissar as coisas, sobre separar amor de sexo.
Conversamos entre amigos, lemos, ouvimos , cantamos, assistimos produções que
envolvem sexo de uma maneira normal, um assunto trivial. Assim como o ultimo
capitulo da novela, o melhor gol da rodada, a melhor padaria da redondeza, o
preço da gasolina, a prova da semana que vem. Entretanto quando o assunto é
amor, gostar, namorar, tudo cai por terra e aquele sentimento de negação toma
conta dos olhares e das atitudes. É difícil assumir que estamos apaixonados,
mas é tranquilo dizer que sentimos desejo. Colocamos diminutivos nas coisas só
porque não temos tanta coragem assim pra dizer a verdade, ou seja, palavras
como: rolinho, casinho, namorandinho, surgem com força total. Um bombardeio de
neologismos com um fundo de eufemismo.
Soa cada vez
mais natural os verbos : querer, desejar, ficar na conotação carnal, sexual. E
cada vez mais difícil dizer: querer, desejar, ficar, gostar, apaixonar no
sentido "romântico" das coisas. É bem estranho, pois são coisas que se interligam
e se separam facilmente, mas que não obedecem a nenhuma regra. Assumir
sentimento está cada vez mais difícil ao passo que falar de sexo é premissa pra
estar no mundo moderno. Haja talvez uma inversão. Será que a próxima reivindicação
dos jovens será por: Suco natural, paixão/amor, presença no lugar do clássico:
drogas, sexo e rock and roll.
Bom, por ora
falaremos de sexo e tesão já que é démodé falar sobre amor e paixão!
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